Carne Viva letra

Sinto um monstro ofegando na espreita
Os escuros já não encerram seus rangidos
E um relógio cambaleando de tão bêbado
Prometendo despertar furor nenhum

Esse morto, desvalido e tão pálido
Nos falidos verdes campos do futuro
Enterrado como um sapo costurado
Mau agouro, vai sorrindo atrás de um muro

E então me entrego a contragosto
A minha alma foi ficando no caminho
Vida exposta em carne viva, semimorta
A minha alma derrotada por moinhos

Eu te digo, era morte anunciada
Mas no espelho não reconheci seu rosto
E tão fosco vi a lâmina afiada
Que roubava todo o brilho que eu não tinha

E então me entrego a contragosto
A minha alma foi ficando no caminho
Vida exposta em carne viva, semimorta
A minha alma derrotada por moinhos

Poesia em preto e branco, amargurada
Sete palmos não encerram esse destino
Desatino de um relógio enferrujado
Marca o passo, em ironia, descaminho

Júlio Nobre - Letras

• A Sobra do Baralho
• Almarga
• Aquela Vaca
• Carne Viva
• Catando Caminhos
• Criei Asas
• Dez Caminhos
• Diga-me
• Ela Me Confunde
• Esperança
• Eu Vejo o Mar
• Faço-me Amor
• Feita de Carne e Osso
• Feita Para Mim
• Mudar de Cor
• My Old Friend
• Mysterious Woman
• O Olho do Diabo
• O Pierrot e a Colombina
• O Que Será da Menina?
• O Trem
• Onde Você Anda?
• Poesia Em Carne e Osso
• Quando Eu Canto
• Querido Amigo
• Se a Lua Fosse Amarela
• Só Lá Fora
• Sozinho No Escuro
• Tentei Até Sorrir
• Um Tanto Meio
• Vida Labirinto